O vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, atribuiu hoje o aumento expressivo da desflorestação na Amazónia a uma suposta pressão populacional na região e negou que o Governo tenha atrasado intencionalmente a divulgação dos dados, segundo a notícia avançada pela Agência Lusa.
“O que acontece é o seguinte: há uma pressão para avançar, não direi da civilização, um avanço das pessoas que vivem no centro-sul do Brasil para as áreas de terras não ocupadas da Amazónia. Há essa pressão”, disse Mourão.
Hamilton Mourão, general do Exército, é presidente do Conselho Nacional da Amazónia, órgão do qual participam vários ministérios e que é responsável pela coordenação das políticas destinadas ao bioma.
Desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência do Brasil, em janeiro de 2019, a desflorestação e as queimadas aumentaram drasticamente na maior floresta tropical do planeta.
Segundo dados divulgados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão governamental, a Amazónia brasileira perdeu 13.235 quilómetros quadrados de cobertura vegetal entre agosto de 2020 e julho de 2021, 22% a mais em relação ao período anterior e um recorde dos últimos 15 anos.
Essa superfície devastada, segundo imagens de satélite do INPE, é maior do que a de países inteiros como Qatar, Jamaica ou Líbano.
Mourão reconheceu que os números “não são bons”, mas ao mesmo tempo pediu que seja tido em consideração o tamanho da região, já que a área desflorestada equivale a “0,23%” da Amazónia, segundo os seus cálculos.
Organizações ecologistas consideram a política ambiental de Bolsonaro um “ecocídio” devido à sua retórica em defesa da produção agropecuária e mineira na região, a sua recusa em demarcar novas reservas indígenas, enquanto órgãos de fiscalização ambiental têm sido desmantelados.