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Escavações arqueológicas retomam no concheiro em Muge

Durante o mês de agosto retomaram as escavações arqueológicas no concheiro Cabeço da Amoreira, localizado junto à ribeira de Muge, em terrenos da Casa Cadaval. Os trabalhos estão a ser coordenados por uma equipa pluridisciplinar da Universidade do Algarve, sob orientação científica da Arqueóloga Célia Gonçalves e prolongam-se até à primeira semana de setembro.

As escavações têm como principal objetivo a obtenção de dados novos e mais pormenorizados sobre os modos de vida daquelas que foram as últimas comunidades de caçadores-recoletores do Vale do Tejo. A identificação dos concheiros nesta região remonta a 1863 e deve-se à ação de Carlos Ribeiro que desempenhava o cargo de Diretor da Comissão Geológica que identificou o primeiro concheiro localizado na ribeira de Magos. A descoberta dos concheiros de Muge constituiu um dos mais importantes achados arqueológicos em Portugal do último quartel do séc. XIX marcando o percurso da arqueologia pré-histórica. A primeira monografia arqueológica dedicada à pré-história portuguesa foi precisamente um trabalho de Pereira da Costa dedicado aos concheiros de Muge.

Em finais do séc. XIX, os concheiros de Muge alcançaram uma reconhecida importância histórica e científica devido à realização do Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia Pré-Históricas (1880), onde foram mencionados numa comunicação de Carlos Ribeiro e também devido à visita dos congressistas aos concheiros do Cabeço da Arruda e da Moita do Sebastião.

Desde finais do Séc. XIX até à atualidade, numerosos estudiosos de renome escavaram ou participaram em escavações arqueológicas nos concheiros, publicando inúmeros trabalhos sobre estas estações arqueológicas.

Em 2011 os concheiros foram classificados como Monumento Nacional: os concheiros da Moita do Sebastião, do Cabeço da Amoreira e do Cabeço da Arruda, que constituem uma das mais importantes estações arqueológicas da pré-história portuguesa, com grande projeção a nível nacional e internacional. Devido ao seu incalculável valor científico, os concheiros de Muge são citados em todos os manuais da pré-história europeia.

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