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Milícias do Rio de Janeiro atuam em parceria com polícia e políticos

As milícias do Rio de Janeiro atuam em parceria com a polícia, políticos e igrejas evangélicas pentecostais, refere um relatório divulgado  pela Rede Fluminense de Pesquisas sobre Violência, Segurança Pública e Direitos Humanos.

Segundo uma nota técnica elaborada pela organização a partir de dados coletados ao longo de quase um ano, os vínculos entre milicianos e instituições legais são uma ameaça ao Estado de Direito e podem afetar as eleições autárquicas, que acontecem no Brasil em novembro.

Os pesquisadores também defenderam que um esforço suprapartidário é necessário para garantir o voto livre e a proteção a candidatos nas eleições dentro do estado do Rio de Janeiro.

Milícias são grupos criminosos formados por ex-agentes das forças de segurança (polícia, bombeiros e outros) ou por agentes ainda no ativo que atuam ilegalmente em diferentes segmentos como o transporte público, venda de gás, acesso à internet, tráfico de drogas, construção civil, homicídios por encomenda e extorsão.

Sobre o envolvimento destes criminosos com membros no ativo da polícia, o relatório apontou que existem ligações estruturais e que os interesses dos milicianos já motivam interferências em operações de segurança.

“Por detrás de tal articulação estariam indicações para cargos de comando, nomeação para chefia de batalhões, definição de focos prioritários de operações policiais e desenhos abrangentes de abordagem”, diz o documento.”Ainda é difícil estimar a extensão dessas práticas, mas há indícios de que elas acontecem, sugerindo um perigoso processo de consolidação de uma parceria orgânica entre polícia e milícia, sem precedentes na história do estado”, acrescentou a análise.

Os pesquisadores destacaram que, em certas áreas da região metropolitana do Rio de Janeiro, a polícia pode estar a operar como braço auxiliar dos interesses do grupo miliciano local.

Além da polícia, o estudo concluiu que a milícia tenta aumentar sua presença nos órgãos legislativos municipais, citando o número de mortes violentas envolvendo candidatos a vereadores no último processo eleitoral municipal na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Para os autores do relatório, o Governo local e as autoridades precisam travar esta expansão e, portanto, “as eleições municipais podem ser um momento importante desse enfrentamento. É no nível das localidades, dos bairros e dos municípios que as milícias vêm encontrando as suas bases de sustentação económica, política e social”.

Igualmente relevante são os relatos coletados no estudo sobre conexões entre igrejas de perfil evangélico pentecostal e milícias.

Neste caso, os pesquisadores concluíram que algumas igrejas estariam a funcionar tanto para a branqueamento de dinheiro sujo das milícias, como para financiar a articulação com políticos.

“Tem-se notícia de que pastores chegam a abençoar as práticas milicianas, dizendo ser ela ‘sagrada’, e que Deus, de tempos em tempos, manda um grupo de pessoas para limpar o mundo do mal”, concluiu a nota técnica.

 

Partihar

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